Não gosto de pensar que cresci. Não gosto de acordar e reparar que não estou a mesma, que o mundo está diferente. Não gosto de pensar que já não sou aquilo que fomos. E que mudamos ao longo de tantos anos longe. Sei que a vida nos transformou. Agredidos e acarinhados por tudo de mau e de bom que a vida nos tinha a dar. Somos diferentes daquilo que éramos. Custa-me assumir isso... Fomos tão juntos, tão próximos. Sonho que ainda fazem parte do meu dia-a-dia. Sonho a dormir, como se fosse tudo verdade. No meu inconsciente ainda é... Tudo possível. Voltar ao passado, correr para o futuro, como se nada tivesse sofrido mutações. Quando abro os olhos, ninguém está. Aqueles com quem sonhei ainda fazem parte da minha vida, mas não estão aqui todos os dias. Vivem e transformam-se longe de mim. Mas quando abro os olhos e nos vejo, ninguém mudou. Somos os mesmos, como se o tempo parasse. Para mim não mudamos. Reagimos e co-agimos da mesma maneira. E quando estamos juntos, foram horas que passaram desde a última vez. Não foram meses, nem anos... Sim mudámos, muito! Mas somos os mesmos uns para os outros. Porque um feitio faz-se de sentimentos, de relações. Sou assim como sou porque não estou só. Sou assim para uns, diferente do que sou para outros. A vida transformou-me, mas posso permanecer imutável aos olhos de quem me conhece... Cresci, crescemos... Sei que sim!...