Num livro de crónicas, hoje li algo que, mais uma vez, fez sentido. Não propriamente neste momento. Não necessariamente neste momento. Mas porque já passámos por isto, porque ainda há replicas...
O texto intitula-se Surdos do Coração, e cita também uma frase de António Lobo Antunes: "Quando um coração se fecha, faz muito mais barulho do que uma porta."
(...)
Mas o que dói mais é saber que alguém que ainda amamos, por medo e por sofrimento, nos fechou o coração. O som é igual ao de mil tambores em fúria: não vale a pena falar, não vale a pena escrever, não vale a pena tentar chegar ao outro lado, saltar o muro, enviar emissários, içar bandeiras, fazer cimeiras, apanhar aviões e levar na mão o nosso coração como presente porque ele já não o quer. Quando o outro coração se fecha, deixa de ser nosso. E quando um homem fica surdo do coração, como é muito mais prático do que uma mulher, em vez de chorar e lamber as feridas, oferece-o a outra mulher.
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Não sei se foi o caso. Não sei se o ofereceste a outra mulher. Na verdade acho que nunca soubeste que muitas vezes levei o meu coração na mão, como presente. Como eu não soube que já tinhas fechado o teu coração, enquanto eu corria para ti, falava de ti, apanhava comboios e escrevia cartas sem fim...
Dói muito quando o outro coração fica surdo, porque não fica só surdo, fica mudo também!
1 comentário:
E o que é pior? Amar alguém que já não nos ama ou não ter ninguém para amar?
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