É a viajar que me encontro. Nos sítios que nunca foram meus. Naqueles que talvez tenham sido meus, por me puxarem tanto para eles. Um antepassado, uma outra vida quiçá! É lá que me encontro, quase sem me procurar. Esbarro com as soluções de problemas fundos, antigos, aqueles que até julgava já não ter. Descubro quem sou, e quem são os outros, quem são os outros nas saudades que, afinal, sinto.
É nas viagens, pequenas e grandes, que me encontro. Deixo a minha rotina e o meu ritmo. Deixo tudo marcado nos outros, naqueles que ficam. Ninguém me segue. Vou só e o meu cheiro vai deixando um rasto mais leve, para descobrir novos cheiros, novos ritmos.
É a viajar que me encontro. E descubro que não estou só, apesar de sozinha.
Diz o Miguel Torga,
É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...
2 comentários:
Diz o Miguel Torga...isso é que é intimidade!!! :)
Passei para te ler...para dizer que tenho saudades (nada que não saibas mas que é sempre bom ler)... para te mandar um bjinho virtual...
Ana
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Pessoa.
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