segunda-feira, maio 11, 2009

De repente

De volta às aulas. O pensamento está longe. Longe no espaço, não muito longe no tempo, longe demais no Coração.
O espaço é, quase obviamente o Porto. A cidade que me viu nascer, a que me viu viver grandes momentos.
O tempo é um passado quase presente. Passaram só alguns dias.
Só agora o meu pensamento começa a assentar. Há tantas dúvidas que me assaltam...Nunca me tinha acontecido nada deste género. Nunca tinha deixado que a vida fluísse sem pensar muito nela. Foi diferente do que estava habituada. Não houve decisões, nem pensei nas opções. Apenas segui... Apenas deixei que a vida não parasse enquanto eu perdia tempo a ponderar.
E quando me senti num abraço, com a cabeça num peito confortável, o momento pareceu-me o certo, a escolha única e acertada. O braço que me segurava, o sorriso em gargalhada e o olhar alegre e responsável, eram de alguém que eu via apenas pela terceira vez. E olhava agora como olhei na noite anterior, num único momento:
"Diz alguma coisa quando chegares a casa."
Mas hoje não vou para casa como fui ontem. Não vou dizer que cheguei bem, porque não vou para outro sítio. Nesta noite sinto-me bem a rir com ele, a conhece-lo de repente, aos poucos, quase às escuras.
Nunca quis mostrar quem sou, assim tão rápido. Mas nesta noite, nem a minha razão me impede de o fazer. Porque estou bem. Tudo, não só parece bem, como está realmente bem!
Em algumas horas vivo momentos de prazer, felicidade. Partilho preocupação e serenidade. Em algumas horas o mundo, que podia ter ficado lá fora, quis assistir e participar, nestes momentos que racionalmente eu não tinha escolhido. Mas ainda bem que o fiz. Ainda bem que posso, hoje, não ouvir nada sobre matérias escolares, enquanto o meu pensamento viaja...
Mas não foi assim que pensei na noite seguinte quando, racionalmente, disse o que sentia:
"Sei que vou sofrer... e não queria!"
Estava de novo nos braços dele.
"Não vou deixar que isso aconteça. É tudo o que não quero!"
Sei que ele falava verdade, mas sei que também não sabia o que poderia acontecer. Também, como eu, não sabia o que sentir, não sabia o que dizer. Principalmente por não ser normal para ele dizer aquilo que sente...
"Ele é muito tímido. É um escorpiãozinho tramado que adora sentir que os outros estão interessados nele e lutam por isso." Disse alguém.
E eu gostava de ter forças para isso. Tenho quase a certeza que tenho sim!

domingo, maio 10, 2009

Transparente...


Serei assim mesmo tão transparente como dizes?
"Basta olhar para os teus olhos... Percebo como estás e o que sentes!"
Será mesmo? Eu sei que os olhos sao o espelho da alma... Será o meu espelho mais limpo que o Justificarnormal?
"Tens um olhar sincero. Sei exactamente como estás quando tens as pálpebras caídas. Sei exactamente o que queres quando olhas fundo pelo canto do olho!"
Sei que estavas a falar verdade. Se fosse outro dia, outro lugar, talvez não o tivesses dito. Porque iria existir na tua garganta alguma coisa que te iria impedir... Mas nestes dias, neste lugar, dizemos praticamente tudo. Não desviamos o olhar porque queremos dizer ainda mais do que as palavras atrapalhadas conseguem dizer!
"Já não estás nada bem. Vejo logo quando olhas para mim!"
E tapo os olhos para não ser assim tão transparente...
"Não devia ter fechado as persianas todas... Porque assim não te consigo ver os olhos!"
E as melhores coisas não se sentem pelo tacto... Vêem-se, ouvem-se e sentem-se pelo Coração.
"Saberia o que estás a sentir se visse o teu olhar, já que não há palavras!"