quarta-feira, setembro 19, 2012

Nostalgia


sou um bocadito masoquista no que toca à nostalgia
mas acho que faz parte da cura


  Revejo-me nestas palavras como se fossem minhas. Nestas palavras de um amigo que outrora o descreveram tão bem.
  Sou assim, sempre fui. Nostálgica. A olhar para o passado como se o quisesse viver todo de novo. E fico triste. Mas massacro-me, numa atitude mesmo masoquista. Sempre fui assim, e custa-me ser de outra maneira. Como se o presente até magoasse mais do que a própria nostalgia, do que a própria saudade.
  É um processo de interiorização, que leva o seu tempo. Preciso dele para avançar, preciso dele para a cura, para crescer saudável.
Pensando bem, porque será que gosto tanto de olhar para trás? Porque será que tenho esta necessidade de ter saudades? Porque é que me sinto bem a projectar um futuro baseado no passado, no que poderia ter sido o passado?
  Não vivo plenamente feliz assim, sempre a olhar para trás, sempre com saudades. Como se o presente não me preenchesse de uma forma completa... Se calhar preciso de mais realização. Tenho esperança nesse ideal: Amor e Realização. Chegarei lá? Um dia... Como se faz?
  E mais uma vez massacro-me com a ideia de que se calhar não fui tomando as decisões certas até aqui. Se calhar estaria mais realizada, hoje, se tivesse optado por outras coisas, por outras pessoas, ontem. Tenho a sensação, agora, de ter caminhado, até hoje, sempre pelo caminho do lado: aquele que estava feito em paralelo ao que realmente devia estar a pisar. Às vezes tenho saudades desse caminho que nunca cheguei a percorrer. È possível isso? É saudade, ou é arrependimento?
  Passo por todas estas sensações, vivo tudo o que já vivi, em memórias, em cartas, em fotografias... Como se precisasse disso para me pôr à prova. Como se precisasse disso para a cura, para construir, para projectar o futuro.
  Mas estes são momentos duros... De nostalgia, de saudade. Conforta-me só a certeza que estou, hoje, a viver momentos que me trarão saudade amanha. Se assim é, vivo!
  Sou assim masoquista, no que toca à nostalgia. Mas preciso disso para viver. Porque essa sou eu. E é maravilhoso ser eu! Eu que vivi tudo do que tenho saudades.

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