sábado, fevereiro 07, 2009

Sem escrever...

Hoje não escrevo... Recito!
Hoje não invento... Copio!

Porque li aquilo que queria escrever.
Porque alguém já viveu aquilo que acabei de inventar...



Novo Agosto


Partiste, finalmente
Partiste do meu querer-te


Na alma resta um traço, um vestígio

Que um dia habitaste o meu corpo

Na vida um gosto remoto da tua pele

Um travo longínquo do teu ser


Partiste

E fui assenhorando-me aos poucos

Do espaço que era teu, do meu corpo liberto

Do amor que estava preso em ti e, hoje, sou

De novo dono de mim


Partiste finalmente de mim
E até a casa rejubila, o sol entra a rodos

Os estores abrem-se ao mundo e já

Não temo ver os abraços, o riso, o amor

Dos outros, todos os dias


Partiste e as penumbras secaram

O vazio já não supura e a cicatriz

Com o teu nome, descobri, afinal

Que suavizou


E mais te digo, sem te dizer e sem

Me ouvires, que felizmente partiste

E eu cheguei de novo até mim

Por fim


Poemas do sentir - Maria Paula Marques



E foi para ti...
Que tantas vezes escrevi, sem recitar.
Que tantas vezes inventei, sem copiar...

E é para ti, que agora escrevo sem escrever.

3 comentários:

tafg disse...

wondering... será que chegas-te de novo a ti?
-
Engraçado como somos todos diferentes, mas sempre com as mesmas estórias e feridas de guerra e amor...

Beijos Tito

Anónimo disse...

Gostei babe...muito!!!!

Mum

Pascoal Amaral disse...

Pelo teu último parágrafo, algo me leva a crer que falas "do teu musa".

Sim, normalmente, aquele que verdadeiramente nos inspira, é aquele que nos inunda de tal forma com a sua beleza, que a partir dele nada conseguimos criar.

Afinal, para nós, ela (a nossa musa), já é a própria criação em si :)